O Livreiro

Mara Paulina Wolff de Arruda



Augusto escancarou a porta da  livraria. Os raios do sol  inundaram o ambiente.  

O tempo preparava-se para a primavera que ele torcia para ser promissora. 

As mulheres começavam a desenhar nos rostos e nos corpos uma alegria que lhe aprazia. As crianças na balburdia salutar de suas vidas corriam em frente da livraria indo para a escola. Alguns homens paravam próximo da porta para discutir sobre os negócios naquela estação. Era preciso recomeçar. Era preciso reagir. Carros, motocicletas e ônibus trafegavam na rua principal. E o som dos motores, buzinas e conversas o animava.

Augusto depois de anotar detalhes da vida cotidiana de sua cidade voltou-se ao cuidado dos livros e da apresentação destes na sua vitrine. Uma caixa havia chegado ao fim da tarde  cheia de novidades. Depois de verificar a remessa e a nota fiscal  pôs-se a tirar os livros analisando. Uma boa edição! Disse entusiasmado e retirou-os da caixa espalhando sobre a mesa em frente da janela e também no centro da vitrine. Por um momento pensou, um pensamento tolo, que Thomas Mann iria gostar de ler a prosa do escritor que ele tinha nas mãos. Sorriu. E ao sorrir deu de cara com Mariana que fez uma expressão maliciosa quando ele surpreendeu-se com os olhos dela fixos nele.

Augusto não tinha percebido a chegada dela e enrubesceu. Mas em seguida perguntou a Mariana o que ela desejava. E Mariana solicitou um livro de Doris Lessing enquanto folheava um dicionário francês. 

Augusto cogitou no abismo de si se haveria alguma possibilidade de namorá-la inventando um pretexto delicioso para trazê-la junto á sua livraria.  Demorou-se nas elucubrações até que ao trazer o livro solicitado  perguntou: 

-Como vão as coisas na escola?

 


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