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Mostrando postagens de maio, 2023
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  Anotações Mara Paulina Arruda “Y fue por este rio de sueñera y barro Que las proas vinieron a fundarme la pátria” J.B.Borges   Antes, na   história oral. Hoje, via redes sociais, as palavras tem pernas. Caminham de boca em boca,   frase a frase, de livro em livro, de país em país. Silvina Ocampo era   amiga de Jorge Luis Borges. Começou a publicar em 1937. Uma das precursoras da literatura feminina da Argentina. Leio Maria Gainza,   O Nervo Óptico. Na expressão literária desta escritora encontramos parte da história da arte, algumas rememorações históricas e pessoais, citações artísticas, características. A estética dela é contar da nossa condição   humana. “Corram os olhos por uma galeria de arte argentina. Primeiro distraidamente, sem focar em nada. Quando sentirem um chacoalhão, como um carro que atropela um preá na rodovia, parem: é bastante provável que estejam diante de um Victorica.” Os personagens não estão solitários. Eles estão com alguém, com um artis
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  Eu fico pensando no Abaporu  Mara Paulina Arruda O Abaporu de Tarsila do Amaral, um ser antropofágico, no escaldante sol do nordeste   passou por mim, deu uma rabanada e sumiu. Com a cara preguiçosa, pôs a cabeça na parede da casa de barro que ele morava. Ouviu. Ouviu. Ouviu. Nada ouviu. Deu uma risadinha e disse que o som da água, naquela tarde estava longe.   Mas era certo que   dali, daquela parede, ele ouvia a água chegando. Por meio de mensagens telepáticas vindas das nuvens e dos que convivem com elas ele podia saber quando elas escorriam no meio dos cômodos da singela casa dele. Sendo índio ele precisava da água para ajudar a enterrar o avô que ele pôs de cócoras numa urna funerária.   Por isso não pode falar comigo com calma. Por isso. Era urgente umedecer a pele enrugada do avô senão iria secar e os espíritos precisam de umidade e de frescor. Toda a aldeia estava a procura de um olho d’água. Já dizia minha mãe: não podemos nos entregar para os Paraguaios. Um dito a