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Mostrando postagens de setembro, 2021
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  A palavra lavra Poesia Mara Paulina Wolff de Arruda   As mudanças no clima: O desmatamento, as queimadas, o aquecimento global   (1,5 graus de aumento na temperatura média do planeta) , a poluição sonora, a poluição dos rios e dos mares, o acumulo de objetos descartáveis, enchentes, secas, incêndios florestais, a morte de animais silvestres e marinhos, o desrespeito aos índios, a triste consequência da fome de homens, mulheres e crianças decorrentes do progresso desenfreado,  a falta  de cuidado com o nosso habitar.   Sustentáculo. Nas terras não mais fecundas Que a chuva lavou Há valas profundas Que a enxurrada deixou   No campo todo queimado sem mais nenhuma vegetação Se vê cinzas por todo lado E animais mortos pelo chão   O barro amassado Sentindo o peso do mundo Parece chorar calado Solitário moribundo   O solo está morrendo Com tanta degradação E ninguém parece estar vendo Que ele é nossa sustentação   Octavio Paz trata da Poesia c
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  Filhos do vento   Para onde os pássaros seguem cada vez que o inverno chega?  Ismael soube que eles imigram para os lugares mais quentes e, essa palavra imigrar fez sentido na sua vida, quando ele resolveu acompanhar Bernardo e Josué num caminho sem calendário, relógios e rumo. O contrário dos pássaros que voltam com a chegada do verão o objetivo dele era o de nunca mais voltar. Palavras evasivas, naturalmente, justificavam os três amigos estarem juntos com seus segredos andando de cidade em cidade. A sorte os deu uma bicicleta. Na verdade não foi bem a sorte, mas um homem que havia terminado o casamento. Ele doou as coisas para o primeiro que viu  para ir embora da cidade.  Esse veículo fez com que eles passassem a cansar menos e, por um tempo foram felizes, alternando quem seguia a pé, quem ia de carona no assento da bicicleta, quem dirigia. E assim, atravessaram alguns estados do país. No percurso deixaram inscrições nas cavernas urbanas. Eu os segui. Fotografei e anot
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  Piano A revista Saturday Evening Post trouxe na primeira semana do mês de julho de 1960 a matéria de um jornalista que conheci no tempo em que morei na Espanha. Nesse tempo fazia uma Especialização em literatura fantástica. Conheci, por acaso, Eleandro, o jornalista. Casado com uma artista e leitora perspicaz chamada Marília. Os dois freqüentavam bares e cafés prestigiados pela elite do lugar. Eleandro tinha um currículo interessante e gostava de entrevistar os artistas dos recantos mais distantes na Europa. E foi numa destas entrevistas que ele conheceu Marília. Isso eles me contaram num destes cafés que mencionei. Ela tinha os cabelos longos até a cintura e vestia-se com bom gosto.O dia que a conheci chamou a atenção o lenço vermelho que tinha sobre o casaco de lã bege. Uma mulher extraordinária. Olhos castanhos, sorriso franco. E, se me lembro bem, foi à personalidade forte dela que fez com que meu amigo Eleandro a conquistasse. Como eu era inexperiente os acompanhei em
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Tatuagem O guri era bonito. Um nome estranho: Kafka. Tinha os olhos castanhos. Foi o que Eneida me disse folheando um exemplar do Castelo.   No  tornozelo a palavra  tatuada: metamorfose. Não é possível saber ao certo o que se passa na cabeça de uma pessoa que vive na rua quando começa uma conversa fazendo menção a Kafka. Presumi o motivo, as cargas d’água,  no início da manhã alguém resolve escolher um Cristo, no caso, eu, para torturar. Essa daí, toda semana, resolve passar aqui, inventando histórias. Tudo bem, disse para mim mesmo, vamos em frente. Ela falava que era uma pessoa sem graça. Kafka tinha graça. Perturbadora. Silenciosa graça filho de Graça. Uma graça literária. Eu não queria ouvir falar a respeito de Kafka. Segunda-feira! Já bastava o trabalho.   Mas continuava ouvindo Eneida falar;  palavreado de rua. Ela morava num daqueles cinturões de favelas do norte da cidade. Por falta de atenção dizia: Erga os olhos deste conto e veja o que acontece perto de você. Você