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Mostrando postagens de outubro, 2021
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   Tem sol lá fora?   Tem sol lá fora? Esta foi à pergunta que a vendedora  fez antes de passar as minhas compras.   Eu disse que sim. Ela sorriu. Abaixou os olhos para o código dos produtos e começou a passar no decodificador. Sorriu novamente quando viu o Cd do U2. Disse que não saberia dizer de onde viera esse gosto musical que tinha.   Fiquei calada. Imaginei.  Admirava seus olhos castanhos  no jeito mignon fazendo o trabalho com precisão.  Enquanto passava as compras falou de uma desconhecida que encontrou cedo em frente ao prédio aonde mora. Ela estava comendo os restos que encontrara no lixo. Manoel Bandeira passou no corredor de minha memória.  Foi por isso que ela perguntou se lá fora havia sol.  Dentro dela era um dia escuro e triste.
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  O mago Jorge Luis Borges Mara Paulina Wolff de Arruda “Meu relato será fiel à realidade ou, em todo caso, a minha lembrança pessoal da realidade, o que é a mesma coisa”. Assim começa um dos contos do encantador argentino    que nos primeiros anos de sua vida aprendeu a língua inglesa pela declamação de poesia feita por seu pai. Amante das línguas antigas aprendeu com a mãe a traduzir lendas   e contos. Jorge Luis Borges, escritor nasceu em 1899. Morou na Espanha e em Genebra  morreu em 1986.   Diante do mundo contemporâneo onde à tecnologia nos coloca no mundo global   Jorge Luis Borges inaugurou o termo “Cidadão do mundo”. Na inventividade de um mundo fantástico Borges recorreu ao espelho, ao labirinto, ao tigre, a invenção de espaços imaginários. Borges expressou com elaborada certeza, que a existência de cada um de nós consiste em constante fluir dos tempos presentes, e em cada um desses presentes se aloja nosso passado e está prefigurado nosso futuro, disse Solange Fern
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  Conto desconcertante   1- Era uma vez uma menina que não tinha mãos. Também os pés lhe faltavam. Era uma criatura que apesar dos pesares trazia uma alegria no olhar. Frequentava a escola. Ria. Chorava. Conversava com todos e até pensava em namorar. Pintava lindos quadros. Quando estava fora de sua cadeira de rodas se arrastava prazerosamente pelo chão. Ninguém entendia aquela vida metamorfoseada.  
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    O geógrafo sonhador Há muito tempo havia um geógrafo que   tinha mil e um sonhos. A cada noite ele sonhava com uma rua. De modo que não se repetiam as ruas e nem os sonhos. Morria numa rua desconhecida e renascia na rua cujo   nome estava gravado na história.   Por diversas vezes acordou   na rua onde já havia passado em plena hora acordado. Desprezava os que falavam mal dos sonhos que ele tinha. Mostrava, com gosto, os mapas do seu imaginário; Avenidas, ruas, lugares.   Filosofava ao explicar o motivo de uma cidade ter sido fundada. Apontava para lugares do passado em que havia campos com árvores sexagenárias, roupas esvoaçando no varal e carroças dirigidas por quem levava e trazia os alimentos. O que lhe incomodava não eram os sonhos e, sim, a vida secreta que cada sonho continha.   No verão um detetive chegou, inesperadamente, num   sonho. Investigou as noites do sonhador ao modo de Georges Simenon. Para o experimente geógrafo   não tinha cabimento essa especulação. Que