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Mostrando postagens de outubro, 2025
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  Olhos de peixe (Mara Paulina Wolff de Arruda)     Ilha onde tudo se esclarece Apesar dos encantos a ilha é deserta E as pegadas miúdas vistas ao longo das praias Se voltam sem exceção para o mar. (Wislawa Szymborska)     Vivo na beira do mar. Junto aos pescadores. Meu pai, um deles. Do nada foi embora. Nem deu adeus. Simplesmente fechou um olho e com o outro, estralado,   tombou ao lado da mesa. Tentamos fechar aquele olho, mas não teve jeito.   N o mar dos mortos está. Ele conhecia cada palmo dessa imensidão de água salgada que rodea a nossa ilha, sabia o que quer dizer a altura das ondas e as sinuosidades do vento sul, conhecia o percurso das tainhas e a música cantada pelas minhas parentes, as sereias.   Foi um   trabalhador do mar. Desconfiado. Casmurro.     Um tal Daniel, esquisito, de vez enquanto vinha aqui sussurrar nos ouvidos de Vanice Vanice, minha mãe. Dizem que sou desbocada. Debocha...