As Crianças no Tempo do Coronavirus

Mara Paulina Arruda

 


Crianças andando de Gangorra. Cândido Portinari 



O que uma criança pensa de nós?                       

O que as crianças pensam do tempo que estamos vivendo?

            Através da psicologia e da medicina  temos apreendido que o desenvolvimento da criança começa a acontecer nos primeiros dias após a fecundação do óvulo no ventre materno. Porem, em séculos anteriores, ela era invisível aos olhos dos adultos. Essa invisibilidade e diferentes formas de violência, o analfabetismo, por exemplo, fez com que as crianças, durante muito tempo fossem tratadas como incapazes.

Diego Velásquez, pintor espanhol, 1656, pintou a obra ‘A família de Felipe IV’ mais conhecida por ‘As meninas’. Esse quadro que mede 3,18 por  2,76 cm  mostra o estúdio do artista onde a infanta Margarida com suas damas de honra, aia, anões, um bufão e um cachorro  fazem pose na pintura. muitos dos personagens olham para o espectador.

Longe deste tempo, as novas gerações têm crescido em meio às tecnologias, ao mundo virtual. O que foi para nós adultos inovação, para as novas gerações não tem segredo. Eles mexem e desmontam  um celular, notebook... fácil.  Veem vídeos, ouvem música entre inúmeras outras atividades, brincando.  E, ao mesmo tempo correm, gritam, choram  no espaço da escola ou de sua casa, parque, cidade. Hoje eles mesmos tiram fotos, fazem vídeos, enviam  áudios e nos dizem o que pensam. 

“Estou farto da quarentena, até pareço um bocado de plasticina fechada num frasco de vidro.” Esta frase é de Francisco, uma criança de cinco anos que mora em Portugal, indignado com a quarentena.

A criança é um rio. Neste momento, as crianças estão represadas por estarem confinadas. Por necessidade. Por urgência e para o bem da família e de sua saúde. Mas isso não quer dizer que eles vão se calar. Falam porque é da criança esse movimento.  Falam por que ás crianças foi conquistado o direito de falar, fazer, progredir. Graças aos Direitos Civis elas são visíveis.

 Uma criança é sempre um processo de renovação aos velhos conceitos. Por ser saudável é que Francisco está farto. Ele e as crianças do mundo querem voltar à vida normal;  correr, brincar, ir para a escola ao invés de ficar feita a infanta Margarida, numa pintura, ou um bocado de plasticina preso dentro de um vidro.

Vemos que a pandemia do COVID-19 represou as crianças.

 Que o rio volte  a correr e brincar.Que o rio siga o seu percurso de renovar a história.

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