As magníficas Clarice e Cecília

Mara Paulina Wolff de Arruda



Como disse Claudia Tajes corporativa que sou gosto de ver as mulheres mandando bem. De norte a sul, de leste a oeste neste brasilzão de meudeus temos magnificas escritoras: Lygia Fagundes Telles, Raquel de Queiroz, Lya Luft, Adélia Prado, Nélida Piñon, Conceição Evaristo, Marina Colasanti e uma imensidade de magníficas mulheres que através da literatura se posicionaram e se posicionam  no mundo. 

A crise histórica gerada diante de uma avalanche de interrogações impostas pelos novos tempos se reflete na Literatura. Esse percurso histórico, nos séculos XX e XXI, dá ênfase  a autoria feminina. Mulheres que se escondiam atrás de um pseudônimo mostram seu verdadeiro nome e enfrentam os desafios que se colocam tanto na vida particular quanto na vida literária. 

Escolhi duas magnificas escritoras qual a trajetória humana e literária ilustra como as mulheres podem traduzir a vida em obra de arte.

Vamos á elas:

Clarice Lispector, 1920-1977, nasceu na Ucrânia e veio para o Brasil ainda criança. Formou-se em Direito. Foi uma escritora e jornalista. Teve dois filhos. Autora de romances, contos e ensaios. É traduzida no mundo todo.

Considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras do século XX. Trabalhou com o fluxo de consciência. A subjetividade dos personagens e o psicológico  alterando as  narrativas. Os temas tratados por ela estão no cotidiano, mas não é do simples cotidiano que ela fala. Ela fala de angústia, de fracasso, do nada. Escreveu o que viu e o que sentiu sendo antena feminina de sua época. Sua escrita tem o poder de fazer com que nos identifiquemos. Vinda de um tempo que a mulher tinha pouca participação política se fez presente no movimento contra a Ditadura Militar. Tradutora de Virgínia Wolf o coração selvagem de Clarice Lispector tratou de questões que se referiam ao casamento, as insatisfações e os mistérios das mulheres. Nada em Clarice é por acaso. Um olho na vida e outro na ficção. O inquietante da vida. O olhar nômade de Clarice Lispector expõe no seu projeto literário um movimento contínuo que não acaba no ponto final.

Dizia: Que ninguém se engane: só se consegue a simplicidade através de muito trabalho.

 “Há três coisas para as quais eu nasci e para as quais eu dou minha vida. Nasci para amar os outros, nasci para escrever, e nasci para criar meus filhos. O “amar os outros” é vasto que inclui até perdão para mim mesma, com o que sobra. As três coisas são tão importantes que minha vida é curta para tanto. Tenho que apressar, o tempo urge. Não posso perder um minuto do tempo que faz minha vida. Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca”.

 


Cecília Meireles, 1901-1964, nasceu no Rio de Janeiro. Foi jornalista, pintora, poeta e professora. É um nome canônico do modernismo. A grande voz feminina da poesia brasileira. Sua obra está composta por poesia, crônicas, estudos sobre o folclore e educação brasileira. Viajou por diversos países ministrando aulas sobre Literatura e Cultura Brasileira. Teve três filhas.

            Os temas trabalhados pela poeta estão na visão da natureza, na acuidade sensorial, nas considerações do mundo, na brevidade da vida. A identificação entre o seu canto e a sua vida confirma a alta temperatura criadora da poesia ceciliana transmitindo significados ocultos e de intensa vibração existencial. Ela buscou em diferentes motivos os acordes da lira na sua poesia. O eu lírico- Cecília Meireles estudou música- construiu imagens, revelou sentimentos, tempos sonoros e fragmentos do fugaz da vida.

Dizia: “A vida só é possível reinventada”

 

“Pousa sobre esses espetáculos infatigáveis

uma sonora ou silenciosa canção:

flor do espírito, desinteressada e efêmera (...)

Por ela, os homens te conhecerão:

por ela, os tempos versáteis saberão

que o mundo ficou mais belo, ainda que inutilmente ,

quando por ele andou o seu coração”.

            

    Clarice Lispector  e Cecília Meireles. Duas vozes femininas de intenso fulgor que com seu trabalho literário mostram a força existencial da mulher: seus compromissos, suas facetas, seus amores, sua humanidade.

      

 

Alguns dos livros publicados por Clarice Lispector:

Perto do coração selvagem, 1944; Laços de família, 1960; A maçã no escuro, 1961; A paixão segundo GH, 1964; Felicidade clandestina, 1971; A hora da estrela, 1977; Onde estiveste de noite, Crônica, 1975.

 

Alguns dos livros publicados por Cecília Meireles:

Espectros, 1919; Vaga Música, 1924; Romanceiro da Inconfidência, 1953; Canções, 1956: Antologia poética, 1963; Ou isto ou aquilo (poesia infantil) 1964.

 

 

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