O mundo feminino e o coranavirus
Mara
Paulina Arruda
A
palavra confinar vem do latim Confine; surgida no Século XVI. Verbo transitivo
indireto, ter limite comum, limitar, defrontar. Verbo transitivo direto,
circunscrever, demarcar. Verbo transitivo direto e indireto, encerrar, clausurar,
encarcerar.
Vejamos:
Eva, a primeira à primeira da fila a ficar no confinamento. Depois, vieram as mulheres
dos heróis, dos cavaleiros, rainhas e princesas, damas, freiras, as donas de
casa e inúmeras mulheres confinadas no decorrer dos tempos. De modo que estar confinada enquanto o mundo
acontece lá fora, não é, de forma nenhuma, novidade para nós mulheres.
O
período que vai de 1880 até a Primeira Guerra Mundial é marcado por uma série
de redefinições e reajustes. A mulher “rainha do lar” começa a exercitar a sua
capacidade de ser. Novas ideias e novas vivências minam a unidade romântica do
passado. As correntes comportamentais vão se fragmentando em diferentes perfis.
A
ficção segue paralela, e concorre, com a ciência e o jornalismo. Surgem
relatos, narrativas e outras formas expressivas de contar a vida confinada das
mulheres. Também não podemos nos esquecer das fábulas que são contadas e
recontadas ad infinitun.
No
Brasil, José de Alencar e Machado de Assis são os primeiros escritores que
narram o comportamento da mulher perante a sociedade; O ser
deseja sair do confinamento. As modificações da cidade. A voz que se põe a
frente do homem e a rebeldia de um ser que vivia condenada ao “lar-doce-lar”.
Doçura e indulgência eram atributos exemplares do confinamento que a personagem
Capitu, de Machado de Assis, questiona no romance Dom Casmurro, publicado em
1899.
Julia
Lopes de Almeida foi a primeira jornalista e escritora de sucesso que não quis
saber do confinamento. Foi redatora do jornal A Semana, no Rio de Janeiro, num
tempo que a mulher era vista como exemplo da sociedade. Em 1922, a Semana de Arte Moderna em São Paulo
põe á vista Anita Malfatti e Tarsila do Amaral que tiveram papel
importantíssimo se colocando, numa postura artística e crítica, fora do confinamento.
Poderíamos
citar inúmeros nomes que foram desfazendo essa ideia criada que as mulheres tem
que viver confinadas. A pandemia do COVID-19 exige, por questões sanitárias que todos nós fiquemos em casa.
As mulheres não tem nenhum problema neste
quesito por que conhecem o significado morfológico e vivencial de estar nessa
situação desde o início dos tempos.
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