Suas trovas
No
tempo da minha avó quando as mulheres eram submissas e conhecidas por “a mulher
do fulano” onde não podiam dar-se ao luxo de casar por amor, numa madrugada, os quatro filhos, chegaram tocando gaita. Ela foi acordada por fortes
batidas na porta e uma sonata triste. Cantaram. Declamaram. Mágoas (de um
delito, de uma fuga) Homens marcados. Fanfarrões. Recontavam as brigas travadas
após uma desavença entre vizinhos.
Entre
uma música e outra afirmavam que Deus havia reservado um lugar á mãe e que ele,
na sua autoridade, iria coroá-la com flores brancas.
Ela
após ouvir tanta bobagem, gargalhou com o corpo todo. Maçãs no rosto. Rosáceas. Calçava chinelas de veludo. Naquela noite contrabalançou a vida e
disse: Não conheci Madame Bovary e nem o seu autor, no entanto é possível que minha
vida possa dar um livro. Foi até a
cozinha. Abriu a janela para entrar um vento naquele ar abafado que a todos
sufocava. Fez um café forte e serviu aos filhos antes que eles inventassem de
dançar a dança dos facões.
Comentários
Postar um comentário