Yo me cambio nessa estrada

 

Em tempos idos, digamos de outrora, ler um clássico era um feito cultural de grande importância (ainda é, claro), mas, nesse tempo antigo onde a educação era o ponto mais importante do desenvolvimento intelectual de uma pessoa, ler um clássico o distinguia da maioria dos mortais.

Homero, Flaubert, Stendhal, Tostoi, Proust, Yourcenar, Cervantes fazem parte da história dos escritores europeus, clássicos e populares. 

Na Argentina, o clássico é ler Jorge Luis Borges que não cansa de encantar quem lê os labirintos de sua escrita.

No Brasil, o clássico dos clássicos é a obra de  Machado de Assis que conta do tempo republicano no país. Muito por conta dos vestibulares da vida as obras de Aluísio Azevedo, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Clarice Lispector (e, outros nomes) são clássicos deliciosos que nos faz sonhar e acreditar nos épicos mundos da escrita.

A leitura muito se deu nos espaços solitários dos leitores intelectuais e melancólicos. Quanto sofrimento meudeusdocéu! Por não poder compartilhar com outras pessoas as angústias e revelações do texto alguns leitores sofridos ficavam  martelando a história durante muito tempo.

Roger Chartier, historiador e, especialista no estudo da escrita, profetizou numa conferência em 2002 que o mundo digital estava alterando a relação do leitor com o texto impresso. A revolução tecnológica modificava a leitura e ampliava os modos de ler um livro fosse ele um clássico ou não.  Ele faz uma advertência: nessa transformação tecnológica não podemos perder nossa identidade e memória. Perceber a ordem dos discursos. 

Tudo cambia. / Cambia todo nesse mundo cantou Mercedes de Sosa.

E como tudo se transforma, a transformação da leitura, nos tempos atuais é de outra ordem com leitura coletiva em redes sociais, em grupos  via  Youtube, GoogleMet, Sympla...

Desde 2019 estou nessa onda no Twitter. Com um grupo criado pelo professor Pablo Maurette participei da leitura de #Homero; depois, com outros amigos, #Joyce, #Dostoiévski, #Virginia Wolf, e atualmente participo da leitura de #MobyDick2022.

E, a gente se pergunta: Mas o que vai acontecer após essas leituras? 

Precisamos rever a leitura por que além de trazer ao nosso conhecimento outras identidades, outros mundos os livros nos dá consciência da nossa humanidade, arrogância, fraquezas e limites além de aumentar nosso vocabulário e ensinar a escrever corretamente, pois os personagens clássicos mostram, antes de tudo, que o clássico somos nós.




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