Camille Claudel, uma inteligência da escultura.




 

Do conjunto das artes plásticas a escultura é uma forma de expressão que consiste na manipulação da matéria com a intenção de criar formas tridimensionais.

Toda peça escultórica supõe um volume no espaço, que tem valor tanto em si mesmo como em sua relação com o entorno. A escultura define certa silhueta e, determinada massa, que pode sugerir peso e solidez como fluidez e leveza. A apropriação do espaço que envolve a peça pode vir predeterminada, como consequência, em alguns casos, da parte que se torna como ponto de partida ou, em outros, da submissão a um determinado marco arquitetônico. Por isso, é preciso manter certa distância para sua contemplação, que deve considerar vários pontos de vista e outros elementos artísticos ou naturais do lugar, especialmente a luz. A escultura é a técnica de representar objetos e seres através da reprodução e modelagem das formas. Gesso, pedra, madeira, resinas sintéticas, aço, ferro, mármore, argila entre outros materiais usados para a criação do artista.

Camille Athanaise Cécile Cerveaux Prosper,1864-1943, nasceu no norte da França, filha mais velha de uma família de três irmãos. Estudou na Academia Colarossi, um dos poucos lugares abertos a estudantes mulheres. Fascinada por pedra e terra logo se interessou por esculturas tendo como professor Alfred Boucher que foi substituído pelo escultor  Auguste Rodin quando Boucher se mudou para a Itália. 

Auguste Rodin,1840-1917, ao assumir a cadeira de professor na Academia Colarossi viu em Camille Claudel o talento que ele tinha. Envolveu-se com ela tornando-a inspiração, modelo, confidente e amante.

Irmã do poeta Paul Claudel e amante de Auguste Rodin Camille foi vítima do machismo no final do século 19, tempo de expressões estéticas românticas,  expressionistas e impressionistas. O feminino em vias de visibilidade social, econômico e criativo saia para os parques, frequentava bares, universidades, começava a trabalhar nas fábricas e, também, atuava como ativista política.

Em 1903 Camille Claudel com muitos trabalhos prontos exibiu-os no Salão de Paris- Salon d’Automne- e sendo considerada pelos críticos de arte e escritores um gênio da escultura, uma revolta contra os padrões estabelecidos para as mulheres. Diante do sucesso foi negada pela família que não aceitou que Camille fosse amante de Rodin. Rodin, por sua vez, relutou em terminar o casamento e se afastou dela. Camille não aguentou a pressão e foi internada num sanatório psiquiátrico. O irmão Paul Claudel negou o pagamento da pensão hospitalar para a irmã mesmo sabendo das condições sub-humanas que viviam os internos da época deixando-a num asilo onde ela morreu aos 79 anos.

Camille Claudel é mais uma mulher que foi vítima do machismo e da desigualdade de gênero no percurso histórico.  Em 2017 foi inaugurado na cidade de Nogent-Sur-Seine o Museu Camille Claudel.

 

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