A Ponte




Para onde ela me transporta?

É uma divisão, bem sei

Uma incógnita

A ponte não é um trapiche

Metade de um caminho

Uma parte

 

A ponte leva

A ponte traz

Não é um moinho com seus ventos quixotescos

Nem uma batalha no mar

Não é a Pont du Gard

Aqueduto, herança dos romanos

Na sua concreta estrutura

Cimento, ferro, armadura

 

Não é a ponte de Munch

Angustiada, deprimente, assustada

Muito menos a ponte-fonte de Monet

-Jardins ponteados de cor-

Quisera fosse a ponte construída por Niemeyer

Curvas inspiradas

Ou a ponte Kuntai de Yamaguchi  

Rodeada por cerejeiras 

 

Um casulo guardando o momento de metamorfosear

 

 

Uma ponte submersa

Mareada por peixes, conchas e estrelas do mar

Ponte de formigas

Ou de elefantes

Essa ponte eletrocardiograma de mim

 

Estalactites

Sítios arqueológicos

Documentos

 

Índios fazem pontes

Com   árvores caídas

-Árvore e  ponte  interligadas-

São a mesma parte

 

Sol chuva ventania

Não há um ser vivo que escape desta ponte

O som do coração

 

O pior nesta vida

É viver errante

Não passar por uma ponte

Não ter uma história para contar

Não saber amar

 

Ergue a cabeça

Pensa em Ítaca

Atravessa o seu mar

Reconhece os sinais

Dos portais

 

Uma Ponte na sua concreta expressão do futuro

Sorriso

Pessoas

Um dia bonito

Arte, Escola, Livros

 

Rio

Vem de dentro vem do fundo

 

Assumo a minha construção

Ponte de madeira, terra e compaixão.

 

 

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