Música para o vento
(Mara Paulina Wolff de Arruda)
O jardim exibia as azaleias
em plena floração. Bichos domésticos feitos de gesso guardavam a casa e, um leão eram vistos de longe. Recolhidos
nos dias de chuva. Nos dias de sol refletiam-se nos vidros dos carros que
passavam.
Edson, um guerreiro. Ela,
a sua mãe. Chegaram num dia chuvoso num navio cargueiro após a tragédia daquele
dia fatídico de 1957; vindos de um país do oriente.
Aos poucos foram se
instalando na cidade. No cedo do dia agradeciam o recomeço. Ela preparava
Edson, vestia-se e apressada empurrava a
cadeira de rodas até o ponto de ônibus onde lembrando uma música de Bob Dylan
“4th Time Around” ele segurava sua gaitinha de boca.
Na correria do dia-a-dia Ela
perdeu os documentos. Dias e longas noites de preocupação. O tempo escorreu
pelas mãos dela, como a areia de seu país distante. Na sua língua-mãe contou
histórias, cantou poemas; camelos passavam no sol poente
Uma montanha sabendo do
ocorrido ordenou ao vento que fosse levar esses documentos perdidos a Ela que,
por pouco, não foi transformada em uma mulher de gesso.
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