Cadeiras
(Mara
Paulina Wolff de Arruda)
Tenho cadeiras antigas. Desde o dia que fiquei autônoma de mim mesma
providenciei uma mesa redonda com cadeiras que tivessem a mesma linha circular.
Minhas cadeiras são de metal e estofadas. Olhando bem para elas já chegaram ao
ponto de trocar porque como tudo na vida, elas, também, envelheceram. É claro
que ainda podem ser usadas mais um bom tempo. O material de sua estrutura é
forte.
As cadeiras mais antigas
foram criadas pelos egípcios e eram de grande riqueza e esplendor. Feitas de
ébano e marfim, esculpidas e cobertas com materiais caros.
Objeto histórico, de arte
e do cotidiano as cadeiras tem muitas utilidades.
Podem ser usadas como
metáfora aos sentimentos raivosos “Te
dou uma cadeirada” ou trocas políticas “A dança das cadeiras”
Penso em Vincent Van Gogh
que pintou cadeiras à espera de Paul Gauguin. O amarelo da palha no assento
salta no quadro, a estrutura do objeto é de madeira. As cadeiras do artista esperam ansiosas pelo amigo.
Penso em Henri
Matisse ‘A mesa de jantar’ (Harmonia em
vermelho). Matisse trata da mesa e das cadeiras como ornamentos vigorosos onde
uma mulher sentada numa das cadeiras sugere arrumar uma fruteira (talvez) no centro da mesa. É possível sentir na cor e nas linhas da
pintura o movimento apaixonante do artista.
Penso em Joseph Kosuth
que criou a instalação “Uma e três cadeiras” onde um objeto cadeira tem, de um lado, a fotografia da cadeira e, do outro lado,
o significado da palavra cadeira, em síntese conceitual.
Penso em Ailton Krenak,
um dos últimos a sentar na cadeira da Academia Brasileira de Letras. Essa
cadeira literária para um representante dos povos originários é um feito de
justiça e reconhecimento da diversidade cultural do Brasil.
Enfim, as cadeiras,
objetos da nossa vida tem duplo, triplo
... oficio. Memória, corpo, descanso, metáforas.
Na minha infância sonhei ter uma cadeira de balanço.
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