FRED
(Mara
Paulina Wolff de Arruda)
“Os polvos são moluscos marinhos da classe Cephalopoda, da ordem
Octopoda, possuindo oito braços fortes e com ventosas dispostos a volta da
boca. Tem corpo mole, sem esqueleto interno, nem externo.”
Essa informação da Wikipédia me lembrou de uma experiência instigante
que tive com um polvo no verão, anos
idos de 1990.
Sempre gostei de mergulhar. Fiz
deste esporte um alivio para os meus stress de fim de ano. Visto minha roupa,
coloco os pés de borracha e saio feito um pato, contente em adentrar num mundo
misterioso. Mergulho e fico por horas a fio observando a imensidão marítima:
peixes, estrelas, algas, corais, esponjas, anêmonas, a fauna e a flora do oceano.
Num desses mergulhos inventei de ir mais fundo nas águas; observei que um polvo se destacava pelo seu tamanho e cor. Deveria ter mais ou
menos uns seis quilos. Tinha tentáculos imensos e olhos redondos, pretos,
pupilas dilatadas; piscavam cada vez que um tentáculo apontava para um cardume
de peixes mudando a direção deles.
Fui me aproximando.
Me acomodei de modo que ele não poderia ver quem estava analisando-o.
O Polvo Fred, assim o nominei, era
um administrador do mundo marinho? Ou um
especulador dos oceanos?
De um simples mergulho repeti aquela ação durante uma semana. No final virou uma forma de pesquisa.
Com minha presença constante Fred cismou e foi se aproximando de mim. Como sabemos esse ser marítimo é inteligente. Temi que seus tentáculos me abarcassem. Sem ação, e usando um dos seus modos de defesa, me camuflei; Ele se afastou.
Chamou a atenção a cor avermelhada dele que mudava a cada vez que um cardume discordava da operação executada por ele. Ele tinha uma paleta de cores própria! Conforme os atritos e circunstâncias quais vivia suas cores se atenuavam entre o forte, o brilhante e o opaco.
Atuava de modo autoritário. Suas
ventosas seguravam e empurravam os que
insistiam em seguir outro caminho diferente do escolhido por ele. Se um deles
resistia, simplesmente ele quebrava seus ossos, jogando-o nas pedras,
eliminando-o.
Passaram-se os dias. Fred continuou indicando, mandando, controlando os cardumes, o lugar em que eles podiam ficar... sabendo dos esconderijos das presas que ele podia ter.
Através de peixes maiores recebia informações do
que acontecia no emerso das águas. E, durante o tempo de observação vi ele afastando
as ilhas dos que podem e dos que não podem, por questões econômicas; segundo
sua hierarquia no mundo social dos mares.
De volta à terra ainda não entendi a razão de Fred não mexer com os tubarões.
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