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  Torres Pereira (Mara Paulina Wolff de Arruda) “Escrever é a principal reação aos efeitos do esquecimento; a segunda é a arte e a arte nos ajuda a cumprir uma tarefa de importância central na vida: conservar as coisas depois que elas partiram.” (Allain Botton)   Nas voltas que o mundo dá o escritor Torres Pereira,(1945- 2024)  foi morar em Chapecó, SC. Escritor, jornalista e agitador cultural. Conheci-o nos anos de 1995 quando a ACHE, Associação Chapecoense dos Escritores, lutava por espaços na cidade em prol da literatura.  Éramos um grupo coeso e que lutava, de modo utópico pela literatura regional fora do mundo acadêmico. Havia uma disputa salutar de quem melhor escrevia  poesias, contos, crônicas. Aliás, crônicas o escritor Torres Pereira sabia fazer muito bem.   A palavra saudade é uma palavra que só existe na língua portuguesa.  Torres Pereira viveu numa era em que a única forma de comunicação de um país ao outro acontecia através de correspondências escritas manualmente
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  Peregrino, o Poeta (Mara Paulina Wolff de Arruda) Escrever é a principal reação aos efeitos do esquecimento; a segunda é a arte [i]   O caminho percorrido por um poeta não é um caminho “comum”. O poeta dá voltas. Voltas em si mesmo e nos que o acompanham. O poeta desconfia. Apenas confia nas suas palavras. Um risco, um significado. Passa por pesadelos. Sonha. Enfrenta   obstáculos que vão surgindo no percurso de sua peregrinação. Sol e chuva. Vento e brisa. Lua e nuvens. Misterioso mundo. Os sapatos gastos de tanto procurar.  Conheci o poeta Rubens da Cunha lendo as crônicas   publicadas no jornal ‘A Notícia’. Jornal publicado em Joinville, no Estado de Santa Catarina, 2004. Naquela época ele estava terminando o curso de Letras na UFSC e começava a dar os primeiros passos no Mestrado em Literatura.   Não tive dúvidas: entrei num ônibus e fui conhecer   o poeta de perto. Suas crônicas no Jornal A Notícia eram textos que exprimem momentos corriqueiros ao modo de Rubem Braga
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  O homem é necessariamente um fabulador (Mara Paulina Wolff de Arruda)            Michelangelo Merisi conhecido por Caravaggio, 1571-1610,  observava as pessoas nas ruas de Roma para pintar seus personagens cinematográficos. Num tempo em que a fotografia não existia a pintura era o único registro e o pintor deveria fazer esse trabalho trazendo a imagem próxima da realidade. Pinturas religiosas, de luta com expressões que beiram  a dor, a angústia, o medo, a crueldade, aos conflitos humanos.  Em 1600 Caravaggio pintou Narciso. Essa pintura retrata um jovem bonito e vaidoso apaixonado pelo próprio reflexo. Observação realista do mestre   barroco   mostra alguém que ama a si mesmo como acontece no nosso tempo em que o status da rede social é o nosso Narciso. A literatura contemporânea está em crise, diz  Byung-Chul Han,2023. O mundo das plataformas sociais acabou com a escrita, com as histórias contadas uns aos outros e com a ideia de tradição fabular. Perdemos a paciência para
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  Ciclo de Formação Sindical SINTE-SC   Mara Paulina Wolff de Arruda [1]   Tema Gerador: Meio Ambiente e Novas Tecnologias da Informação Título: Cultura. Futuro. Civilização O Ambiente naturalmente se transforma no percurso histórico. O desenvolvimento, suas tecnologias   e a ganância econômica   têm criado inúmeros problemas. A produção em série, o acúmulo de produtos e seus resíduos desestabiliza a natureza. A terra, a água, o ar e os   seres vivos adoece, agoniza e   morre. Com as novas tecnologias da informação somos avisados das mudanças climáticas no mundo, trazendo-nos o   saber da falta de água,   enchentes no nosso país ou em outros países, terremotos, mudanças radicais nas condições meteorológicas entre outros fenômenos, simultaneamente, em qualquer lugar. Os desafios da humanidade estão em agir com relação às mudanças, principalmente, a do plástico e o microplástico que invade toda forma de vida. Pesquisas de cientistas italianos, publicadas em 2021, identifi
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  O inesquecível Lasar Segall (Mara Paulina Arruda)   Um pouco da história cultural que nos constitui está na origem da modernidade no Brasil. A prosperidade na agricultura do café promoveu o enriquecimento das metrópoles principalmente em São Paulo. Muitos emigrantes europeus fugiram do horror da guerra   se deslocando para o país vindo trabalhar nas fazendas e industrias. Operários e artistas   trouxeram outros aspectos da cultura, outros pontos de vista, outras representações da vida e da arte. A antropofagia, movimento artístico brasileiro liderado por Oswald de Andrade, Mario de Andrade, Anita Malfatti, Guilherme de Almeira entre outros artistas e poetas propunha a incorporação transformada e abrasileirada das influências estrangeiras. Mas, afinal quem foi Lasar Segall? Lasar Segal   conhecia o Brasil desde 1912. Participou do Movimento de Arte de 1922 e se naturalizou brasileiro em 1927. Pintor, gravurista e escultor nascido na   Lituânia passou por diferentes lugares
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  Ser fã (Mara Paulina Wolff de Arruda)   “No real da vida, as coisas acabam com menos formato, nem acabam. Melhor assim.” (João Guimarães)   Poucos períodos da história se comparam com o nosso em termos da velocidade e determinação das mudanças na forma de nos comunicar, nos conhecermos,    disse Howard Gardner. Ser fã é um atributo humano. O fã se reflete. Se encontra. Aquele olhar apaixonado por uma pessoa que pouco-quase nada- conhecemos. Que vive muito além das nossas realidades. Que vive também os seus problemas, angústias, aspirações, mas que tem nas suas performaces   o poder de encantar-nos, envolver-nos, enfeitiçar-nos. É com conhecimento superficial, imerso no mundo do trabalho de alguém que ouvimos as fofocas de sua vida, os sucessos ou o que for. O que importa para um fã é tentar participar de algum modo dessa vida vendo-o nas redes sociais, tv, shows... vivendo a vida que gostaríamos de ter. O ser humano se comunica para escapar à morte e para dar um s
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  O Poeta   na Biblioteca (Mara Paulina Wolff de Arruda) [1]   O poeta   Cruz e Souza tinha sete anos quando   a Biblioteca Pública de Santa Catarina foi criada por João José Coutinho, Presidente da Provincia de Santa Catarina. Era 31 de maio de 1854. Aos quinze anos Cruz e Souza já se destacava   elegante, com os sapatos bem lustrados, na antiga rua do Príncipe. Chegava   no porão da residência do Sr. Fialho, conferente da alfandega onde   a Companhia Teatral de Moreira de Vasconcelos   apresentava a peça de Arthur Rocha   “A filha da escrava” O elenco trazia a atriz mirim Julieta dos Santos. Com vinte e quatro anos   Cruz e Souza atuava em várias atividades. Como Poeta e escrevendo em periódicos   que circulavam por Desterro, redatoriando jornais, O Colombo- Periódico Crítico e Literário-, de curta duração (1884-1885)   O MOLEQUE; Periódico crítico e rebelde que sobreviveu apenas um ano (1884-1885) e Tribuna Popular (1881-1889), destacada folha literária. Com aspirações l